COP-28: Lula defende reduzir dependência de combustíveis fósseis e critica países ricos

Foto: Ricardo Stuckert/Divulgação/Arquivo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira, 1º, na Cúpula do Clima (COP-28) que é preciso reduzir a dependência dos combustíveis fósseis e acelerar o ritmo de descarbonização da economia. Em discurso na sessão de abertura da conferência das Nações Unidas, quando falam os líderes mundiais, ele criticou o descumprimentos de acordos climáticos e os gastos com guerras e voltou a cobrar ajuda financeira dos países ricos.

Na COP, o presidente quer retomar o protagonismo do Brasil nas negociações climáticas e obter mais apoio, inclusive financeiro, para a preservação de florestas, como a amazônica. Mas, para isso, terá também de se esquivar de questionamentos sobre seu compromisso com agenda ambiental, como a incerteza sobre planos de explorar petróleo na Margem Equatorial da Foz do Amazonas e a alta de queimadas no Amazonas e no Pantanal.

Mais cedo nesta sexta, Lula puxou a fila de chefes de Estado rumo à foto oficial do encontro, caminhando na primeira fila ao lado do presidente dos Emirados Árabes Unidos, sheik Mohammed bin Zayed. Mais de 160 líderes mundiais participam do encontro.

“O mundo já está convencido do potencial das energias renováveis e é hora de enfrentar o debate sobre o ritmo lento da descabornização do planeta e trabalhar por uma economia menos dependente de combustíveis fósseis”, disse ele durante o evento em Dubai. “Temos de fazê-lo de forma urgente e justa. Vamos trabalhar de forma construtiva com todos os países para pavimentar o caminho entre esta COP 28 e a COP-30, que sediaremos no coração da Amazônia (será realizada em 2025, em Belém).”

Lula mencionou o plano de Transformação Ecológica, que será lançado nesta sexta na COP. Capitaneado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, esse programa pretende impulsionar o Brasil na disputa por espaços em áreas como bioeconomia e energia limpa.

Lula criticou ainda o gasto dos países na manutenção de arsenais para promover guerra e cobrou mais apoio financeiro por parte dos países ricos. “O planeta está farto de acordos climáticos não cumpridos. De metas de redução de emissão de carbono negligenciadas. Do auxílio financeiro aos países pobres

que não chega. De discursos eloquentes e vazios. Precisamos de atitudes concretas”, disse.

“Quantos líderes mundiais estão de fato comprometidos em salvar o planeta? Somente no ano passado, o mundo gastou mais de US$ 2 trilhões e 224 milhões de dólares em armas. Quantia que poderia ser investida no combate à fome e no enfrentamento da mudança climática”, emendou.

O presidente disse ainda que a falta de compromisso dos países afetar a credibilidade dos acordos celebrados e questionou o fato de a ONU não conseguir promover a paz no planeta.

“O não cumprimento dos compromissos assumidos corrói a credibilidade do regime. É preciso resgatar a crença no multilateralismo”, afirmou. “É inexplicável que a ONU, apesar de seus esforços, se mostre incapaz de manter a paz, simplesmente porque alguns dos seus membros lucram com a guerra. Governantes não podem se eximir de suas responsabilidades.”

Menções a guerras têm sido uma questão delicada para Lula, cujas declarações sobre os conflitos na Ucrânia e na Palestina ao longo do ano despertaram reações negativas na comunidade internacional. Numa das mais recentes, o petista equiparou a ofensiva israelense na Faixa de Gaza ao ataque terrorista do Hamas e foi criticado na comunidade judaica.

Presidente destaca redução de desmate

O presidente citou a redução do desmate na Amazônia, cuja taxa de destruição caiu 22% em um ano e reiterou a meta de zerar a devastação do bioma até 2030. Afirmou ainda que o Brasil criou uma visão comum com os vizinhos amazônicos e estabeleceu pontes com países florestais. Uma das principais apostas do governo neste ano é propor um novo fundo internacional que receba recursos como contrapartida para cada hectare de floresta preservado.

Por outro lado, o país ainda encontra dificuldades em reduzir os índices do Cerrado. Números divulgados nesta semana, mostram que a taxa do desmatamento se manteve estável em um ano, mas a área perdida é de 11.011,7 km², superior ao território destruído na Amazônia.

Após o pronuciamento, o presidente participa de uma reunião com o secretário-geral da ONU, António Guterres. Nesta sexta, o presidente participa ainda de pelo menos cinco encontros bilaterais. Entre as agendas, o presidente encontra o primeiro-ministro do Reino Unido, Rishi Sunak; a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen; o primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez.

O presidente tem ainda encontros com o presidente de Israel, Isaac Herzog; e com o presidente da Guiana, Mohamed Irfaan Ali. Na última quinta-feira, o governo brasileiro intensificou a presença de militares em Parcaraima, na fronteira norte do país, após o aumento da tensão entre a Venezuela e a Guiana.

*Política Livre

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