Apesar de rusgas, primeiro mês da pré-campanha de Geraldo Jr. é marcado por aproximação com a esquerda, de onde deve sair a vice

Foto: Joá Souza/GOVBA/Arquivo

Com pouco mais de 30 dias de lançada a pré-candidatura à Prefeitura de Salvador, o vice-governador Geraldo Jr. (MDB) dedicou o mês de janeiro a se aproximar dos partidos de esquerda. E, apesar das rusgas, ele conseguiu resultados positivos, a exemplo do apoio formal dos diretórios estadual e municipal do PT e até um ato público do PCdoB, além do respaldo de movimentos sociais e de parlamentares da esquerda. Com essa movimentação, tudo indica que o companheiro ou companheira de chapa do emedebista será desse mesmo espectro político, como é defendido por boa parte dos aliados do governador Jerônimo Rodrigues (PT).

O ano de 2024 não começou fácil para Geraldo Jr. Após o anúncio da pré-candidatura pela base aliada do Executivo estadual, feito já perto do final de dezembro de 2023 por Jerônimo, o emedebista foi ignorado ou atacado por membros insatisfeitos do PT, sobretudo da corrente Articulação de Esquerda, e pelo Movimento dos Sem Teto de Salvador, ligado à Executiva municipal petista e que agora apoia o pré-candidato. O vice-governador sofreu com o “fogo amigo” por ser um político mais ligado à direita, por estar filiado ao partido liderado no Estado pelo ex-ministro condenado Geddel Vieira Lima e pelas relações empresariais.

Geraldo Jr. buscou contornar as críticas com muita conversa. Primeiro foi até a sede, em Salvador, de um outro partido de esquerda, o PSB, onde recebeu o apoio da deputada federal Lídice da Mata, nome da base de Jerônimo que melhor pontuava, em 2023, nas pesquisas de intensão de voto para o Palácio Thomé de Souza.

Depois, o vice-governador esteve na casa do PT, no Rio Vermelho. Se reuniu ainda com o PCdoB e, individualmente, com lideranças petistas, a exemplo dos quatro vereadores do partido na capital – Marta Rodrigues, Tiago Ferreira, Arnando Lessa e Luiz Carlos Suíca. Em todas as reuniões, ouviu tanto quanto falou, mas assumiu compromissos.

“O vice-governador garantiu que vai ajudar a intermediar os pleitos dos vereadores junto ao governo da Bahia, à Conder, para a realização de intervenções solicitadas por nós nas comunidades. Só assim, com essa afinidade, poderemos manter ou pensar em ampliar a nossa bancada na Câmara Municipal. Tenho dito isso há muito tempo. Claro, tudo feito dentro do que manda a legislação eleitoral, a lei. Foi uma conversa muito proveitosa”, disse ao Política Livre Tiago Ferreira, que era um dos maiores críticos da candidatura de Geraldo Jr. e apoiador do deputado estadual Robinson Almeida, pré-candidato lançado pelo PT em 2023.

Com os partidos, Geraldo Jr. tem assumido também o compromisso de ajudar na montagem das chapas de candidatos a vereador, assim como aceitar incorporar temas da esquerda ao programa de governo. Um deles é luta contra a venda de áreas verdes no município, fazendo o contraponto ao prefeito Bruno Reis (União).

Na noite desta terça (30), por exemplo, durante o ato público de apoio do PCdoB, realizado numa faculdade do Centro da cidade, Geraldo Jr. afirmou que recebia “as propostas defendidas pelo partido para que sejam incorporadas ao nosso programa de governo”. “O PCdoB vai ter um papel fundamental em todo o processo”, assegurou.

A deputada estadual Olívia Santana (PCdoB), que até o ano passado era pré-candidata a prefeita e foi a representante da Assembleia Legislativa mais bem votada em Salvador em 2022, não compareceu ao ato. Ela ainda tem dado declarações que demonstram insatisfação com a escolha de Jerônimo e do conselho político por Geraldo Jr.

“Olívia estava em atividade do mandato em Brasília, mas ela e o partido manifestou apoio integral na missão de eleger Geraldo Jr. e derrotar o atual prefeito da cidade”, declarou o presidente da legenda na Bahia, Geraldo Galindo. O comunista defende que o PCdoB indique o nome para a vice na chapa do emedebista. Um dos quadros cotados é o da secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial, Ângela Guimarães.

No último dia 29, Geraldo Jr. esteve reunido com as direções estadual e municipal do PT para tratar de programa de governo. Além disso, segundo a vereadora Marta Rodrigues, o partido já começou a discutir internamente a indicação de um nome para a vice do pré-candidato da base aliada. Um dos quadros petistas colocados para o posto é a secretária estadual de Assistência Desenvolvimento Social, Fabya Reis, que seria a preferida do MDB.

Lideranças importantes da base de Jerônimo, a exemplo do senador Otto Alencar (PSD) e de Lídice da Mata, defendem que, para dar equilíbrio à chapa, o companheiro ou companheira de chapa de Geraldo Jr. seja do PT ou do PCdoB. Esse deve ser o caminho, sobretudo se Jerônimo não conseguir atrair para o campo do emedebista nenhum partido da base de Bruno Reis.

*Política Livre

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