Com rompimentos em série, Débora Régis vive início de governo turbulento em Lauro de Freitas

Débora Régis

Em sete meses de governo, na sua primeira experiência como chefe do Executivo, a prefeita de Lauro de Freitas, Débora Régis (União), acumula uma série de rompimentos políticos e parece não ter tido a “quarentena” – nem mesmo de aliados – que os gestores costumam gozar no primeiro ano de gestão.

Nesse período, já romperam com ela Mauro Cardim, o vereador Gabriel Bandarra, conhecido como Tenóbio (PL), e o suplente de vereador e ex-superintendente de trânsito Gustavo Ferraz.

O último rompimento, em maio, foi o de Gustavo, que deixou a superintendência alegando “divergências internas”. Desde então, ele tem usado as redes sociais para fazer sucessivas críticas, inclusive expondo valores de contratos e até salários de colaboradores da prefeitura.

Em uma das manifestações, ele chegou a dizer que o governo de Débora “queimou a largada” e perdeu a chance de aproveitar o período de “romance com a cidade” nos 100 dias iniciais do mandato. “O governo, no final das contas, foi mal concebido”, criticou.

Tom aguerrido

Esse foi o mesmo roteiro do vereador Tenóbio, que diz ter deixado a base em nome da sua posição de independência. Também nas redes sociais ele passou a usar um tom mais aguerrido contra a prefeita e o marido dela, Bruno Lins, cuja influência é forte na gestão, embora não exerça cargo oficial.

A decisão de afastamento da prefeita ocorreu simultaneamente à exoneração da esposa do vereador esposa, Luana Vitória Matos Bandarra, e do pai dele, Francisco de Assis Jóffily de Souza, dos postos que ocupavam como secretária de Desenvolvimento Econômico, Turismo, Inovação Tecnológica, Trabalho e Renda e diretor-geral da Secretaria de Meio Ambiente, respectivamente, além de outros servidores ligados a ele.

“Reconheço que ainda tem pouco tempo para um julgamento aprofundado, mas já percebo nesse início que a linha que está sendo seguida não combina com o que eu defendo”, disse Tenóbio em vídeo nas redes sociais, descartando a possibilidade de se juntar ao PT na oposição a Débora.

Já com o empresário Teobaldo Costa, não houve rompimento oficial, apesar do impasse que ocorreu quando da saída da ex-deputada Mirella Macedo da função de secretária de Saúde. Isso porque ele ainda mantém outras indicações na prefeitura. Mirella deixou a pasta, por vontade própria, ainda no mês de março, mas segue aliada da prefeita, com quem, inclusive, esteve reunida esta semana algumas vezes.

Influência de Camaçari

Boa parte dos reclames dos ex-aliados aponta para a influência de políticos fora de Lauro de Freitas na gestão da cidade. Um dos nomes mais citados, nesse sentido, é o ex-prefeito de Camaçari Antônio Elinaldo (União), que fez indicações para a composição do secretariado e para nomeações no segundo e terceiro escalão.

O caso mais notório é o da secretária de Infraestrutura, Joselene Cardim, que foi titular da mesma pasta na gestão de Elinaldo em Camaçari.

O espaço do ex-prefeito em Lauro de Freitas decorre do apoio que ofertou à campanha de Débora, numa compensação clássica da política tradicional, e que agora pode ajudar na sua pré-candidatura a deputado estadual.

Interlocutores ouvidos pelo *Política Livre*, observam, todavia, que os desafios políticos decorrem de uma mudança estrutural na dinâmica de governo da cidade, que fez, por exemplo, a prefeita reduzir de 20 mil para menos de sete mil a quantidade de servidores em folha – num contraponto acentuado à gestão anterior.

“Óbvio que isso desagrada muita gente”, ponderou um aliado, dizendo ser necessário “romper com práticas antigas” a fim de projetar um novo rumo para a gestão.

O cenário desafiador faz lembrar, segundo um governista, a chegada de ACM Neto (União) à prefeitura de Salvador em 2013 após dois mandatos do ex-prefeito João Henrique. “Se ela governar como Moema, o que vai mudar?”, indagou um auxiliar.

*Política Livre

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