Infecções Sexualmente Transmissíveis sem tratamentos podem causar infertilidade, explica especialista

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Os casos de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) que não passarem por tratamentos podem causar diferentes complicações para a população. O tema foi escolhido para o Dia Mundial da Saúde Sexual, que é celebrado nesta segunda-feira (4). 

A proposta surgiu com a intenção de alertar a população sobre o cuidado com a saúde sexual ao redor do mundo. A saúde sexual exigiu uma atenção maior tanto de pacientes quanto especialistas já que as infecções estão diretamente ligada aos cuidados físicos e prevenção durante o sexo. 

Segundo Dr Agnaldo Viana, médico de uma clínica de Salvador especializada em reprodução humana, parte das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) tende a ser assintomática e só apresenta consequências já em estado avançado, podendo até causar infertilidade.  

“Somente através de práticas conscientes de autocuidado é que vamos melhorar a saúde sexual no mundo. E isso será alcançado se as pessoas forem capacitadas através de uma educação sexual abrangente. Qualquer ação voltada ao autocuidado resultará na redução dos casos de ISTs e HIV”, explica o médico.  

A atenção ao cuidado com a saúde chama atenção também por conta do grande número de registro de casos que surgem por ISTs. De acordo com dados do Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/ AIDS (Unaids), todos os dias, no mundo, 1 milhão de novos casos de infecções sexualmente transmissíveis (ISTs) e 4 mil novos casos de HIV são diagnosticados. Para garantir a saúde sexual, é preciso promover a educação, o autocuidado e o prazer sexual, desmistificando debates sobre temas relacionados às experiências eróticas e emocionais de cada pessoa.

ISTs E INFERTILIDADE 

Entre os fatores que podem provocar a infertilidade, tanto feminina, quanto masculina, estão as infecções sexualmente transmissíveis (ISTs), que até pouco tempo eram conhecidas como doenças sexualmente transmissíveis (DSTs). O novo termo foi adotado por destacar a possibilidade de uma pessoa ter e transmitir uma infecção, mesmo sem sinais e sintomas. E sinalizar que, quando não diagnosticadas e tratadas, evoluem para complicações graves, incluindo a infertilidade. 

O grupo de ISTs inclui clamídia, gonorreia, HPV, hepatite B, herpes genital, sífilis, cancro mole, donovanose, linfogranuloma venéreo e tricomoníase, além do HIV. Entre elas, a clamídia e gonorreia estão associadas diretamente à infertilidade, uma vez que comprometem o sistema reprodutivo. 

De 10% a 40% das mulheres com infecção não tratada por essas enfermidades, desenvolvem doença inflamatória pélvica (DIP). Ela afeta os órgãos reprodutores femininos (útero, tubas uterinas e ovários), e o dano tubário pós-infecção é responsável por 30% a 40% dos casos de infertilidade feminina. 

Além disso, mulheres que tiveram doença inflamatória pélvica podem ter até dez vezes mais chances de desenvolver uma gravidez ectópica (tubária). É sempre importante lembrar que todas essas patologias são assintomáticas e têm evolução constante e surpreendente.

Entre os homens, a gonorreia e a clamídia podem desenvolver condições como uretrite (inflamação da uretra) e orquiepididimite (inflamação dos testículos e ducto em que ocorre a maturação e armazenamento dos espermatozoides), que figuram entre as principais causas da infertilidade masculina. A bactéria da gonorreia (Neisseria gonorrhoeae) é encontrada em aproximadamente 20% dos homens com uretrite.

RELAÇÃO SEXUAL SEGURA 

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou que em 2021 houve cerca de 374 milhões de novos casos entre as principais ISTs – clamídia (129 milhões), gonorreia (82 milhões), sífilis (7,1 milhões) e tricomoníase (156 milhões). Por si só, essas ISTs aumentam o risco de infecção pelo HIV, além de aumentar os casos de infertilidade.

No Brasil, segundo a ONU, ao menos cinco pessoas foram infectadas pelo vírus HIV a cada hora em 2021. São 960 mil pessoas vivendo com o vírus. E 13 mil pessoas ainda morrem todos os anos em decorrência da Aids.

Quando falamos em saúde sexual, uma regra não muda: é de extrema importância seguir as orientações sobre a prática do sexo seguro, através do uso de preservativos. É fundamental também consultar regularmente seu médico para avaliar suas condições de saúde.

*Bahia Notícias

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