Sindicato descarta greve de cordeiros no Carnaval e anuncia acordo de diária com grandes blocos
O Sindicato dos Trabalhadores Cordeiros da Bahia (Sindcorda) descartou entrar em estado de greve durante o Carnaval de Salvador em 2024. A informação, ventilada nas redes sociais, foi desmentida pelo presidente do sindicato, Matias Santos, em entrevista ao Bahia Notícias nesta terça-feira (16).
A movimentação envolvendo a categoria voltou a ganhar espaço na mídia após a determinação da diária dos profissionais, R$ 80 por bloco puxado no circuito. De acordo Matias, apesar da insatisfação, já que o valor que foi acertado em assembleia não atingiu o que foi pedido pelos cordeiros, uma diária de R$ 150, não há indícios de greve durante a festa.
“Eu não posso ventilar essa inverdade de que os cordeiros vão parar. Essa informação não procede, até porque o Carnaval já está na porta, já iniciamos o processo para a contratação de cordeiros e isso iria mexer com uma grande parte da estrutura do Carnaval. Não somos irresponsáveis.”
O presidente do sindicato ainda revelou um acordo firmado com grandes blocos do Carnaval de Salvador, que irá pagar um adicional aos profissionais durante os dias trabalhado. Segundo Matias, os empresários buscaram a entidade para informar o desejo de colaborar com a remuneração para além do valor determinado. Ao todo, cerca de 15 mil cordeiros atuam no Carnaval de Salvador.
“Alguns blocos de grande porte irão pagar um pouco mais, fizeram um plano de ação para remunerar os profissionais que seguirem até o final do percurso. O valor ficou por conta dos blocos, mas tem alguns que vão dar R$ 50 a mais, outros vão dar cesta básica, outros vão fazer sorteios. Isso foi uma estratégia interna que vem a agregar. Mas os blocos menores, os blocos Afro, blocos de samba, vão pagar um valor mínimo, que é o que eles tem. São os que colocam uma quantidade menor de cordeiros para acompanhar o trio, mas os blocos maiores vão pagar muito mais.”
De acordo com o Sindcorda, cerca de 27 blocos entraram no acordo para pagar a mais do que o determinado, entre eles, o Camaleão. “Os blocos de grande porte, a gente tem uma lista de 27 blocos, eles vão pagar além do que foi acordado. O que preocupa são os blocos pequenos, que não tem como pagar isso. Então a busca é para que esses blocos busquem o apoio dos patrocinadores para pagar a diária. O Camaleão, por exemplo, além da diária, eles vão ganhar um ticket em um valor que vai reforçar a questão da diária”, conta.
Segundo Matias Santos, os blocos de grande porte costumam ter entre 500 a 800 cordeiros, e alguns chegam a desfilar com 1.500 profissionais na avenida. “Eles se comprometeram para os próximos anos darem um aumento de 20% a mais desse valor no próximo Carnaval”, contou.
O Sindcorda informa ainda que, em 2024, a média de blocos com corda no circuito Dodô (Barra-Ondina), é de que pouco mais de 5 blocos desfilem por dia. Segundo Matias, os blocos lutam para manter os profissionais. “Ter um cordeiro no bloco se tornou ‘artigo de luxo’, e os blocos lutam para manter. Mas precisamos também dar condições de trabalho. Não é só a diária que a gente discute, o cordeiro precisa de um lugar para beber água, para descansar, se alimentar, tem uma estrutura por trás disso que precisa ter espaço”.
No acordo firmado no último final de semana, além do valor da diária, os cordeiros conquistaram o seguro de vida, EPIs de qualidade e um espaço no Conselho Municipal de Carnaval. O Sindcorda ainda busca, junto a Prefeitura de Salvador, um ponto de apoio para os profissionais nos circuitos da festa. A atuação dos cordeiros na folia será acompanhada pelo Ministério do Trabalho.
*Bahia Notícias
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