Fiador de Rangel ao TCM, Wagner quer mostrar a Nilo que ‘quebra de hierarquia’ é punida com derrota
A cúpula do governo e do PT passou a tratar como questão de honra a vitória do petista Paulo Rangel contra o ex-deputado Marcelo Nilo (Republicanos) na disputa pela vaga de conselheiro do Tribunal de Contas dos Municípios, cujo desfecho pode ocorrer ainda nesta terça-feira.
Apesar da conhecida briga entre Nilo e o ex-governador Rui Costa, de cuja mulher o ex-deputado se tornará colega caso se eleja membro do TCM, é o senador Jaques Wagner o principal articulador do movimento contra a vitória de Nilo.
Ele fez chegar aos seus principais interlocutores que o governo e o partido darão uma prova de incompetência que os desmoralizará, caso Nilo consiga furar o cerco que vem sendo armado por setores da base governista e se eleger.
Aliado por cerca de 15 anos do PT na Bahia, Nilo, alegando que não era mais considerado pelo grupo, rompeu com Rui e Wagner antes das eleições de 2022, quando apoiou a candidatura de ACM Neto (União Brasil) a governador.
Sua primeira vitória foi ter conseguido o número mínimo de assinaturas entre os deputados para poder concorrer à vaga do TCM, driblando um bloqueio que parte da base governista já vinha fazendo para impedi-lo de disputar.
A inscrição deu o gás de que ele precisava para que se mobilizasse pela própria eleição, envolvendo-se em articulações de bastidores desde então. Nilo espera contar não apenas com os votos da oposição, mas de ex-colegas com quem manteve relação e de parlamentares da base governista insatisfeitos com o governo.
Estão entre eles os deputados do PCdoB, cujo candidato, o deputado Fabrício Falcão, sofreu um boicote do governo e acabou não conseguindo se inscrever para a disputa. Mas há outros para os quais a hora é de dar um limite ao apetite voraz do PT por cargos.
O partido teria descumprido um acordo pelo qual indicaria um candidato do PCdoB ao TCM, depois de ter forçado a barra para fazer a mulher de Rui, uma enfermeira, membro do Tribunal. Agora, estaria mirando na eleição de um partidário para a presidência da Assembleia.
Apesar de afirmar que o PT e o governo irão se desmoralizar caso Nilo ganhe a disputa contra Rangel, no fundo quem tem medo de sofrer uma desmoralização é o próprio Wagner. Ele tem cada vez mais se colocado como principal líder do grupo sem aceitar confrontos à sua conduta.
Defensor de princípios no grupo como o da hierarquia, o senador acha que, ao migrar para o campo adversário, o ex-deputado quebrou a regra que considera como mais importante para a sobrevivência de um agrupamento político e, por esta razão, não pode escapar da punição da derrota.
O processo de escolha dos candidatos começa com uma sabatina conduzida pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) em reunião extraordinária marcada para as 10h16 de hoje. A expectativa é de que a eleição ocorra no turno da tarde.
*Política Livre
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